sexta-feira, 30 de maio de 2014

Vocabulário Espírita - Parte 2

Uma das características principais de Kardec era o cuidado com as palavras. Ele sabia da sua importância para a coerência e consistência doutrinária. E, a partir daí, para a admiração e convencimento daqueles que presam por uma boa dose de racionalidade.

Um vocabulário espírita, portanto, parecia ser a melhor forma de começar a construção das bases doutrinárias. Em 1858, no "Instruções Práticas", Kardec escreve sobre o problema das ambiguidades dos vocábulos.

As manifestações espíritas são origem de uma multidão de idéias novas que não puderam encontrar representação na linguagem usual; elas têm sido expressas por analogia, como acontece no início de toda a ciência. Daí a ambiguidade dos vocábulos, origem de intermináveis discussões. Com palavras claramente definidas e um vocábulo para cada coisa, torna-se mais fácil a mútua compreensão; se se discute, é, então, a respeito do fundo, não mais a respeito de forma.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Vocabulário Espírita - Parte 1

Em 1858, um ano após a fundação do espiritismo, Kardec publica a obra Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas (Instruction pratique sur les Manifestations Spirites). Esta obra incluía um vocabulário espírita contendo 157 verbetes.

Já em 1861 Kardec publica a primeira edição do Livros dos Médiuns (Le Livre des Médiums) no qual declara ser a substituição do Instruções Práticas. Nesta edição Kardec republica o mesmo vocabulário espírita com algumas adições. Nesta nova versão apareciam 189 verbetes.

Um ano depois, em 1862, Kardec decide enxugar o vocabulário espírita na segunda edição do Livro dos Médiuns. Nesta nova edição, que passou a ser definitiva, apareciam apenas 25 verbetes.

Há muito a ser comentado sobre esta evolução do vocabulário e pretendo fazê-lo em futuros posts. Por ora relaciono abaixo as listas de verbetes que aparecem no Instruções Práticas e na primeira edição do Livros dos Médiuns. Os verbetes iniciados por (*) são sub-verbetes, isto é, verbetes dentro de um verbete.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Reencontros com Herculano Pires

Os dois colaboradores deste blog são membros da Associação Caminhos para o Espiritismo e convidam a todos para o evento Reencontros com Herculano Pires, que terá transmissão online nos dias 14 e 15 de março de 2014. Sejam bem vindos. Clique na imagem para mais informações:



quinta-feira, 20 de junho de 2013

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

III Colóquio Caminhos para o Espiritismo

No próximo dia 9 de dezembro Leopoldo Daré estará no III Colóquio Caminhos para o Espiritismo em Ribeirão Preto apresentando seu trabalho "As Vozes Reencarnadas na Obra de Kardec" que tem sua origem nos estudos deste blog. O evento é gratuito e tem início às 08:30. Clique na imagem abaixo para ir para a página de inscrição.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Apreciação do Livro dos Espíritos

O texto seguinte é uma apreciação do Livro dos Espíritos escrita supostamente por um repórter do Courrier de Paris e que está reproduzida no livro Jesus e o Espiritismo escrito por Carlos A. Baccelli e Inácio Ferreira (espírito). Segundo Baccelli "tal carta foi recebida mediunicamente por nós e incluída, inclusive, como uma das páginas iniciais do livro 'Espiritismo em Uberaba', de nossa autoria, publicado sob os auspícios da Secretaria Muncipal de Educação e Cultura do Município e prefaciado pelo Chico. Infelizmente, o espírito que a ditou não se identificou - ela foi psicografada, aproximadamente, no começo da década de 1980, e, por sugestão do Dr. Inácio Ferreira, inserida no livro 'Jesus e o Espiritismo'."

Vale ressaltar que em 1858 Kardec publica na Revista Espírita um artigo publicado pelo mesmo Courrier de Paris sobre o mesmo tema. Este artigo pode ser lido em O Courrier de Paris publicou artigo sobre O Livro dos Espíritos.

PARIS, 18 DE ABRIL DE 1857
(Ao "Courrier de Paris ")

Sr. Diretor. Saudações!

Não o tendo encontrado em seu escritório e pedindo-lhe desculpas antecipadas por possíveis falhas, tão comuns em matéria elaboradas na véspera, apressei-me a registrar estas explicações, que anexo ao trabalho elaborado por mim para a próxima edição do nosso jornal.

É que hoje Paris não acordou: foi despertada. E, contudo, parece estar vivendo um pesadelo!

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Flama espírita

A partir deste post começaremos uma nova frente de trabalho por meio da comparação do capítulo X 'Manifestação dos Espíritos' da primeira edição do Livro dos Espíritos com a atual edição do Livro dos Médiuns.

A forma do espírito, propriamente dito, é uma daquelas questões que fogem completamente de nossa realidade material. Tanto na primeira como na segunda edição do Livro dos Espíritos, Allan Kardec associou o espírito a uma chama ou flama. Isto se encontra no diálogo 41 da primeira edição e com a mesma essência no diálogo 88 da segunda, nos seguintes termos:

Livro dos Espíritos (segunda edição)
88. Os Espíritos têm uma forma determinada, limitada e constante?
"Para vós, não; para nós, sim. O Espírito é, se quiserdes, uma chama, um clarão ou uma centelha etérea.
Essa chama ou centelha tem uma cor qualquer?
"Para vós, ela varia da sombra ao brilho do rubi, segundo seja o Espírito mais ou menos puro.

Por outro lado, a possibilidade do espírito se manifestar como uma flama é colocada de forma diferenciada entre a primeira edição do Livro dos Espíritos e o Livro dos Médiuns.

sábado, 8 de janeiro de 2011

A edição perdida (parte 3)

Na primeira e segunda partes deste post apresentamos uma tradução do sumário do que seria a edição perdida do Livro dos Espíritos e comparamos este sumário com o da sua segunda edição. Nesta terceira parte iremos analisar esta comparação.

A análise mais evidente é a decisão editorial de retirar parte do conteúdo da obra, o livro quinto "Manifestação dos Espíritos", para formar futuramente a base do Livro dos Médiuns (que neste mês de janeiro de 2011 completa 150 anos). A nosso ver foi uma decisão correta já que o Livro dos Médiuns é tão volumoso quanto o Livro dos Espíritos e se caracteriza de forma distinta e complementar pelo lado mais prático (ou experimental) do Espiritismo.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A edição perdida (parte 2)

Na primeira parte deste post apresentamos uma tradução do sumário do que seria a edição perdida do Livro dos Espíritos. Agora iremos comparar este sumário com o da segunda edição do Livro. Como já observamos anteriormente a principal diferença entre os dois está na quinta parte "Manifestação dos Espíritos". Esta parte é o desenvolvimento do capítulo X da primeira edição do Livro e que mais tarde viria a se tornar o esboço do Livro dos Médiuns.

sábado, 20 de novembro de 2010

A edição perdida (parte 1)

Até a desencarnação de Allan Kardec o Livro dos Espíritos já estava na sua décima sexta edição. Mas, entre a primeira (abril de 1857) e a segunda edição (março de 1860) houve, no mínimo, a intenção de publicar uma outra edição. Isto decorre do fato de Kardec publicar nas páginas finais da primeira edição do O Que é o Espíritismo (julho de 1859) um sumário dos capítulos do Livro dos Espíritos, que difere tanto da primeira quanto da segunda edição.

O amigo e pesquisador Eugenio Lara, editor do sítio PENSE, fez uma boa análise da importância desta edição que supostamente não houve e que chamamos de edição perdida. Ela teria sido publicada pela editora Dentu, a mesma da primeira edição, conforme comentário sobre o sumário citado:

Todas as obras do senhor Allan Kardec se encontram em Paris, na Editora Dentu, Palais-Royal; na [livraria] Ledoyen, Palais-Royal; e no escritório do jornal, Rue des Martyrs, 8.

sábado, 8 de maio de 2010

Uma controvérsia com Leymarie

No dia 8 de outubro de 1875 foi publicado no periódico britânico The Spiritualist um artigo escrito pelo editor da Revista Espírita Pierre-Gaëtan Leymarie em resposta ao artigo do pesquisador russo Alexander Aksakof publicado dois meses antes no mesmo periódico. Este artigo do Aksakof, que traz duras críticas a obra e a pessoa de Kardec, já foi publicado e analisado por nós aqui. Também já publicamos a resposta dada pela tradutora Anna Blackwell.

Nesta época Leymarie estava foragido na Bélgica para evitar sua prisão por conta do Processo dos Espíritas no qual ele foi condenado por cumplicidade na fraude de fotos de espíritos obtidas pelo fotógrafo Buguet e pelo médium Firman. Há indícios no próprio texto de que o artigo tenha sido escrito em conjunto com outras pessoas; em alguns trechos Leymarie é referido em terceira pessoa.

O artigo original foi reproduzido na publicação eletrônica de março de 2009 da PsyPioneer. Mas, sem mais delongas... vamos a tradução do artigo:

domingo, 18 de abril de 2010

Uma controvérsia com Anna Blackwell

O artigo do pesquisador Alexander Aksakof não poderia ter ficado sem resposta dado o seu teor agressivo. E não ficou! Passados alguns dias da publicação deste artigo, Anna Blackwell, que traduziu o Livro dos Espíritos para o Inglês, publicou na mesma revista The Spiritualist a sua resposta. Esta também está reproduzida no jornal eletrônico Psypioneer (edição de fevereiro de 2009). Veja nossa tradução:

terça-feira, 30 de março de 2010

Uma controvérsia em detalhes

Publicamos recentemente em nosso blog um artigo escrito por Alexandre Aksakof em 1875 onde ele traz registros históricos importantes além de fazer sérias acusações contra Allan Kardec. Ele está escrito originalmente em inglês e pode ser conferido aqui.

Como o conteúdo do texto é muito forte então nos certificamos de sua autenticidade e procedência. Entre as provas coletadas está a cópia digitalizada do periódico onde o artigo foi publicado (fornecida pelo editor Paul Gaunt da publicação online Psypioneer).

Também recebemos uma cópia da versão traduzida para o Francês e publicada no periódico La Lumière em 1899; esta foi fornecida pelo professor John Monroe, autor do livro Laboratories of Faith: Mesmerism, Spiritism, and Occultism in Modern France.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Definição ao lado

A pergunta número 1 do Livro dos Espíritos que encabeça uma extensa lista de perguntas sobre as mais variadas coisas é: "Que é Deus?". Curiosamente, a resposta a esta pergunta foi publicada na primeira edição do Livro de forma diferenciada. A primeira parte ou Livre Premier, na qual inclui a pergunta número 1, está dividida em duas colunas. A primeira Kardec reservou para as perguntas e as respostas "textuais" dos espíritos e a segunda coluna para uma redação alternativa baseada nestas perguntas e respostas.

Enfim, na primeira edição a pergunta número 1 não tem propriamente uma resposta, mas uma "definição" colocada na segunda coluna. No lugar da resposta Kardec colocou entre parênteses "Définition ci-à-côté". Vejam:


domingo, 20 de dezembro de 2009

As reencarnações de Kardec

Como sabemos Denizard Rivail, homem do século XIX, teria vivido na pele do druida Allan Kardec na época de Cristo. De acordo com a entrevista dada pela médium Japhet a Alexandre Aksakof em 1875 esta revelação foi feita por meio dela e do médium Roze, futuro colaborador na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.

Além desta existência como um druida, Kardec ainda teria recebido a revelação de que era o espírito reencarnado do filósofo Platão. Esta informação foi dado por Zéfiro, espírito familiar e protetor dos Baudin. De acordo com a entrevista dada por Marlene Nobre a Folha Espírita em junho de 1998 e reproduzida no livro A Volta de Allan Kardec a informação consta de um documento escrito por Kardec que parou nas mãos do pesquisador Canuto Abreu.

Folha Espírita: E a questão de Platão e Kardec?!
Marlene Nobre: Esse caso foi muito interessante. Dr. Canuto Abreu mostrou a mim e ao Freitas um documento do próprio punho de Kardec, no qual ele escreve mais ou menos o seguinte: depois que Zéfiro me contou que eu  fui Platão é que pude compreender melhor a minha missão.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Uma controvérsia

Para compreender a realidade dos fatos sempre é interessante "ouvir" o outro lado da história. O pouco que sabemos sobre as origens do Espiritismo e, sobretudo, da confecção do Livro dos Espíritos vêm das anotações de Kardec publicadas na Revista Espírita e em Obras Póstumas. Ruth Celine Japhet foi uma das principais médiuns que colaboraram neste trabalho. Mas, esta colaboração não durou muito tempo.

O artigo abaixo foi publicado pelo embaixador e professor russo Alexandre Aksakof em 1875 no periódico 'The Spiritualist Newspaper' de Londres. A reprodução deste artigo também pode ser encontrada aqui e aqui. A partir dele se apresenta uma controvérsia a respeito do grau de participação da médium no conteúdo do Livro.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Quem são eles?

Pouco se sabe dos espíritos que auxiliaram Kardec a compilar sua primeira obra literária no Espiritismo. Henri Sausse afirmou na biografia de Kardec que o mestre teria recebido cinquenta cadernos contendo perguntas e respostas obtidas nas ainda incipientes sessões mediúnicas.

Tanto na primeira quanto na segunda edição do Livro dos Espíritos não há informações suficientes para identificar corretamente quais seriam os autores espirituais da obra. Contudo e, de qualquer forma, vale a pena explorar um pouco as diferenças entre uma edição e outra.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Primeiro ano do Decodificando

No dia 23 de outubro de 2008 inaugurávamos com muita alegria o nosso blog. Sabíamos que seria um trabalho muito árduo mas também muito prazeroso. Iniciamos contando a nossa estória, minha e do Leo, indicando de que forma chegamos a essa idéia de construir uma nova proposta para a compreensão do processo de construção e evolução do pensamento do mestre Allan Kardec.

Partindo de nosso estudo comparativo das duas primeiras edições do Livro dos Espíritos, que começou pelo mapeamento dos diálogos, fomos desenvolvendo nossas idéias. Ficamos maravilhados com o farto material a ser trabalhado e as inúmeras possibilidades de análises. Desde então foram 54 posts que nos dão uma boa média de 1 post por semana.

sábado, 10 de outubro de 2009

A cepa decepada

Nos princípios básicos ou prolegômenos do Livro dos Espíritos há uma interessante e bonita imagem de uma cepa de vinha que representa, segundo os espíritos que auxiliaram Kardec, a dualidade corpo e espírito.

Coloca na cabeça do livro a cepa de vinha que te desenhamos, porque ela é o emblema do trabalho do Criador; todos os princípios materiais que podem melhor representar o corpo e o espírito nela se encontram reunidos: o corpo é a cepa; o espírito é o licor; a alma ou o espírito unido à matéria é o grão. O homem quintessencia o espírito pelo trabalho e tu sabes que não é senão pelo trabalho do corpo que o espírito adquire conhecimentos.

Kardec não seguiu a risca a orientação dos espíritos, pois reproduziu o desenho no interior e não na cabeça do livro. É claro que isso é apenas um detalhe. Aliás, é exatamente por estes detalhes que se conclui que Kardec se preocupava mais com o conteúdo do que com a forma.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Um exemplo de diálogo - Parte 3

Na primeira parte deste post apresentamos um diálogo publicado na primeira edição do Livro dos Espíritos entre Kardec e o espírito Théophile Z.. Na segunda parte fizemos uma análise deste diálogo e dos seus dialogadores. Nesta terceira e última parte apresentaremos o que foi aproveitado do diálogo para a nova edição do Livro dos Espíritos e avaliando também a forma como ele foi aproveitado.

O aproveitamento do diálogo para a confecção da nova edição do Livro dos Espíritos se deu principalmente na sua terceira parte (itens de 18 a 26). Mais especificamente, Kardec selecionou as perguntas e respostas dos itens 21, 22, 24, 25, 26 e o seu comentário no item 27. Vamos a eles!

sábado, 6 de junho de 2009

Um exemplo de diálogo - Parte 2

Na primeira parte deste post apresentamos um diálogo publicado na primeira edição do Livro dos Espíritos entre Kardec e o espírito Théophile Z.. Nesta segunda parte iremos fazer uma análise deste diálogo e dos seus dialogadores.

Análise geral do diálogo
O objetivo desta análise geral é o de compreender o processo básico de comunicação com os espíritos. E o primeiro passo seria identificar o espírito comunicante. Este era um contemporâneo de Kardec, falecido a pouco tempo, e tinha uma certa instrução. Aparentemente este espírito Théophile Z. não seria uma pessoa famosa pois não encontramos referências suas na Internet. Também não há outras mensagens assinadas por ele nas obras de Kardec.

domingo, 31 de maio de 2009

Um exemplo de diálogo - Parte 1

O diálogo com os espíritos foi a principal ferramenta que Kardec usou para a elaboração dos ensinamentos espíritas. Compreender como ele usava esta ferramenta é de fundamental importância para continuar construindo o pensamento espírita. E nada melhor do que se basear em um bom exemplo de diálogo.

Na primeira edição do Livro dos Espíritos os diálogos eram mais extensos do que na segunda edição. E no seu apêndice há uma nota contendo um diálogo completo que pode contribuir bastante para a nossa tarefa de decodificar o Livro dos Espíritos.

Dada a relevância deste diálogo faremos primeiramente uma leitura comentada e depois faremos uma discussão sobre os aspectos que nortearam o diálogo. Numa terceira parte avaliaremos de que forma Kardec aproveitou este diálogo para a elaboração dos seus novos textos.

domingo, 3 de maio de 2009

Recuperando o fôlego!

Depois de um pequeno intervalo para reflexão de uma nova fase de nosso trabalho, colocamos abaixo todas as mensagens publicadas até hoje.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Tudo se encadeia mais ainda

A questão da alma dos animais é daquelas que mais nos intrigam e nos fascinam. Saber se a alma do ser humano tem um ponto de contato com a alma de outros seres é algo aparentemente básico mas ao mesmo tempo muito profundo. Por isso, a prudência na exposição do tema é sempre bem vinda.

Ficamos muito felizes em receber do respeitado professor Silvio Chibeni uma nova e importante informação sobre os acréscimos e modificações na décima terceira edição do Livro dos Espíritos. No seu artigo original Chibeni reproduz a nota explicativa desta décima terceira edição (publicada em 1865) e um dos pontos desta nota se refere a algum acréscimo nos comentários finais após o diálogo 613.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

O Livro em Revista

A Revista Espírita é considerada o laboratório de Kardec para o desenvolvimento do conhecimento espírita. Além disso, podemos considerá-la como um meio eficiente de propagação das idéias espíritas vinculadas às obras básicas e complementares do Espiritismo.

Kardec soube aproveitar bem as edições mensais da Revista para este fim. E, assim, podemos encontrar várias citações sobre o Livro dos Espíritos desde simples referências até o anúncio de novas edições e novos livros.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A fina ironia

Praticamente, todo o nosso trabalho tem sido feito em cima da comparação entre as duas primeiras edições do Livro dos Espíritos. A primeira apareceu em abril de 1857 e a segunda, em março de 1860. Depois desta ainda tivemos outras 9 edições publicadas por Kardec sendo que a última delas (a décima terceira) foi publicada em 1865.

O sucesso da segunda edição foi seguida rapidamente por duas novas edições possivelmente sem modificações.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Em verdade da Verdade

A questão sobre a identidade do Espírito Verdade, que acompanhou Kardec no seu árduo trabalho de elaboração da filosofia espírita, é muito controversa (*) e dificilmente os espíritas chegarão a um consenso. De toda forma, sem a pretensão e mesmo sem o desejo de dar a palavra final, faremos algumas observações a respeito.

Na primeira edição do Livro dos Espíritos Kardec não menciona, pelo menos diretamente, o Espírito Verdade. Os únicos espíritos superiores mencionados são os que estão na nota XVII.


Primeira edição
Nota XVII
... Vários espíritos concorreram simultaneamente a estas instruções, às quais assistiam, tomando alternadamente a palavra e falando um em nome de todos. Entre os que animaram personagens conhecidas citaremos João Evangelista, Sócrates, Fénelon, São Vicente de Paulo, Hannemann, Franklin, Swedenborg, Napoleão Primeiro; os demais habitam esferas elevadas e, ou nunca viveram na Terra ou aqui apareceram em época imemorável.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Indo aos originais

Às vezes, em nossas pesquisas nos deparamos com questões controversas de edição dos livros. Na pesquisa sobre o momento da união da alma ao corpo apresentamos trechos de um artigo publicado na edição de março de 1858 da Revista Espírita. Neste artigo encontramos uma nota final que referenciava diálogos da segunda edição do Livro dos Espíritos que seria lançada somente dois anos depois.

Revista Espírita, março de 1858
O doutor Xavier
Nota. A teoria, dada por esse Espírito, sobre o instante da união da alma e do corpo, não é inteiramente exata. A união começa desde a concepção; quer dizer, desde esse momento, o Espírito, sem estar encarnado, liga-se ao corpo por um laço fluídico que vai se apertando, mais e mais, até o nascimento; a encarnação não se completa senão quando a criança respira. (Ver O Livro dos Espíritos, n 344 e seguintes.)

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Tudo se encadeia

Um dos pontos capitais para a compreensão da perfectibilidade dos espíritos está no conhecimento de suas origens. Allan Kardec sempre tratou deste ponto e buscou a verdade até o último momento de sua vida na Terra. Da primeira para a segunda edição notamos que algumas dúvidas aparecem em função da sua reflexão sob novos pontos de vistas e da avaliação lógica de todos os ensinamentos e fatos espíritas.

Na sua revisão do tema envolvendo os animais Kardec procurou manter a maioria das perguntas e respostas da primeira edição, mas também procurou retocá-las para dar mais liberdade para novas interpretações. Veja no mapeamento abaixo como a nova edição torna-se menos rígida em relação a possibilidade de um ponto de contato entre a alma do homem e a alma do animal.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Elementar, meu caro!

Entre as publicações das duas primeiras edições do Livro dos Espíritos, Kardec desenvolveu o interessante conceito de espírito elementar (esprit élémentaire) que foi definido assim:

Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas
Vocabulário Espírita
Espírito elementar, Espírito considerado em si mesmo e feita abstração de seu perispírito ou invólucro semimaterial.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Graças particulares

Da primeira para a segunda edição do Livro dos Espíritos, as questões de ordem moral sofreram poucas alterações. Um ou outro diálogo foi refeito, algumas respostas foram desenvolvidas, e mais alguns diálogos foram introduzidos. A prece foi uma destas questões e, aqui, faremos apenas as observações mais pertinentes.

Desde a primeira edição, as respostas já valorizavam a prece quando ela parte do coração. Mas, é na segunda edição que Kardec dá uma maior ênfase ao valor do sentimento empregado na prece. Vejam, por exemplo, o mapeamento abaixo:

domingo, 11 de janeiro de 2009

Queda dos anjos


O mito da queda dos anjos, ou o pecado original, tem suas raízes em todas as culturas e mais especificamente nos dogmas católicos. Kardec não se furtou em discuti-lo assim como fez sobre todas as outras coisas. E esta discussão veio desde o início pela publicação da primeira edição do Livro dos Espíritos até a publicação de sua derradeira obra, A Gênese, quando expõe a sua já sancionada doutrina dos anjos decaídos.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Benefício de inventário


Allan Kardec sempre foi muito prudente na exposição dos ensinamentos espíritas. E a medida que o seu trabalho crescia lhe trazendo um maior volume de informações então ele se tornava ainda mais prudente. E esta prudência se observa no caráter mais geral que ele deu a sua nova edição do Livro dos Espíritos.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Alma, causa, efeito

O livre arbítrio, ou liberdade de ação, constitui-se numa premissa dos ensinamentos espíritas embora esta liberdade possa ser entravada por motivos alheios ao espírito. Allan Kardec se preocupava com estes entraves e, por isso, fez uma série de perguntas sobre eles já na primeira edição do Livro dos Espíritos.

Um destes possíveis entraves pode estar nas predisposições que o homem carregaria a cada encarnação. Mas estas predisposições podem ser alheias ou não ao espírito, isto é, podem ser físicas ou espirituais. Vejam no mapeamento abaixo como a predisposição ao assassínio foi visto na primeira edição como algo alheio ao espírito:

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Os nossos gênios


O mestre Allan Kardec se preocupava muito com a definição do vocabulário espírita porque entendia que a ambiguidade de algumas palavras poderiam ser a origem de intermináveis discussões. Foi por esta razão que, já no nascimento do Espiritismo, ele publicou a obra 'Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas' onde destacou:

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

De Reencarnar para Reencarnando


OBSERVAÇÃO:
este texto complementa-se com o artigo “Xavier, de corpo e alma”. Buscamos neste artigo apresentar o processo cronológico e histórico de reformulação do modelo teórico de reencarnação que Kardec sintetiza na segunda edição d'O Livro dos Espíritos, reformulando o que havia apresentado na primeira edição.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

As luzes do Cristianismo

Desde a primeira edição do Livro dos Espíritos o homem Jesus de Nazaré tem sido o modelo e guia para aqueles que procuram se orientar pela nova filosofia que nascia sob a coordenação de Allan Kardec. Porém, Jesus aparecia praticamente desvinculado do mito cristão e do que se convencionou chamar de cristianismo.

Para a segunda edição Kardec procurou aumentar este vínculo introduzindo novas respostas e comentários com o emprego das palavras Cristo e Cristianismo e, algumas vezes, associadas a palavra Espiritismo. Para efeito de comparação temos na primeira edição um total de seis aparições da palavra Cristo e na segunda, um total de trinta e duas.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Xavier, de corpo e alma

As mais polêmicas discussões travadas no meio espírita envolvem questões relacionadas ao momento da união da alma ao corpo. Isto porque tal "detalhe" é a base de argumentação a várias questões bioéticas como o direito ao aborto ou o uso de células tronco embrionárias em pesquisas científicas.

Sabemos que o Livro dos Espíritos é a pedra angular do Espiritismo e, por isso, damos um alto valor ao que nele está escrito. E maior será esse valor quanto mais informações tivermos sobre ele.

sábado, 20 de dezembro de 2008

A escalada da escala

A classificação das diferentes ordens de espíritos não é algo que deva ser encarado de forma absoluta. Tanto é assim que Kardec refez mais de uma vez sua escala espírita durante o período compreendido entre as publicações das duas primeiras edições do Livro dos Espíritos.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Mundos transitórios

Num artigo publicado em maio de 1859 sob o título 'Os mundos intermediários ou transitórios' Kardec trava um extenso diálogo com o espírito Santo Agostinho. E praticamente todo este diálogo é reproduzido nos números 234, 235 e 236 da segunda edição do Livro dos Espíritos.

Em especial a resposta à primeira pergunta do diálogo 234 é formada pela combinação da resposta de Santo Agostinho e uma resposta dada por Mozart em uma outra comunicação obtida no mesmo mês. Isto vem do fato de que o tema da nova comunicação foi proposto exatamente por causa da comunicação anterior. Vejam:

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Eles se vêem, mas...

Os espíritos se vêem, mas será que esta é uma regra absoluta? De acordo com a primeira edição não há restrições que impeçam a visão de um espírito por outro. E na segunda? Vejam que interessante o mapeamento abaixo.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Nas entranhas da Terra

* Este tema foi sugerido pela simpática amiga Nilza Pelá *

Ainda hoje existe muita dúvida a respeito da habitação dos espíritos que povoam a Terra juntamente conosco, espíritos encarnados. Provavelmente, esta dúvida também perseguiu Kardec durante a fase inicial do desenvolvimento das idéias espíritas.

Em ambas as edições recebemos a informação de que os espíritos estão por toda a parte e interagem conosco sem cessar. Mas eles ocupam um lugar definido? Ou eles têm uma ocupação definida?

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Corpo de prova

De acordo com os ensinamentos espíritas, no intervalo entre as encarnações o espírito pode planejar sua próxima existência escolhendo algumas provas que terá que suportar. Estas lhe servirão para aprendizado e, consequentemente, para a sua própria evolução.

Para tanto, estas provas têm, antes de mais nada, um caráter moral. Isto é, elas miram nos nossos defeitos e na nossa ignorância e assim nos oferecem a oportunidade de agirmos sobre as questões morais nas quais teremos que decidir pelo certo ou pelo errado.

Por outro lado, muitas das vezes estas provas se concretizam a partir de realidades materiais como, por exemplo, pela falta ou excesso de dinheiro, pela inserção em uma família mais ou menos educada, ou até pela encarnação em um corpo mais ou menos saudável.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Infinito de Deus

Existem conceitos que são bastante difíceis de serem explicados por palavras, sobretudo quando eles são mais abstratos. É o que acontece com Infinito e Deus que mereceram destaque logo nos primeiros diálogos em ambas as edições do Livro dos Espíritos.

Basicamente não há muitas diferenças entre as edições, mas pequenas e interessantes observações podem ser formuladas. Vamos a elas!

sábado, 29 de novembro de 2008

Repouso físico e moral

Algumas vezes as palavras podem aprisionar as idéias quando são colocadas de forma delimitada explorando um único entendimento. Na sua nova edição, Kardec procurou romper estes limites abraçando um conjunto maior de idéias e experiências observadas no intervalo de amadurecimento entre as duas edições.

Possivelmente ao ter contato com espíritos sofredores Kardec se deu conta de que as sensações destes espíritos se assemelham àquelas dos espíritos encarnados. Foi assim que ele ampliou o conceito de fadiga e repouso ao dividir o diálogo 73 da primeira edição nos dois diálogos 253 e 254 da segunda edição. Vejam:

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Gêmeos e a indivisibilidade

Os irmãos muito próximos e particularmente os gêmeos são casos especiais que despertam a atenção tanto de cientistas como de espiritualistas. Assim, também aconteceu com Kardec na elaboração de suas perguntas nos diálogos com os espíritos.

Nas pesquisas feitas sobre a natureza do espírito Kardec buscou se certificar da real individualidade de cada um de nós. E para isto usou o exemplo dos gêmeos imediatamente após uma direta resposta dos espíritos. Vejam:

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Questão de estilo

Em alguns dos diálogos travados entre Kardec e os espíritos, as perguntas e respostas foram reformuladas sem nenhum prejuízo ou aumento do entendimento. A primeira vista trata-se de uma questão de estilo. Vejam, por exemplo, a reformulação do mapeamento abaixo.

domingo, 23 de novembro de 2008

O espírito do sexo

Infelizmente, Kardec abordou o tema da sexualidade de forma relativamente breve. Na primeira edição temos uma única pergunta sobre o sexo dos espíritos (131) e na segunda edição temos três (200, 201 e 202). Por outro lado, este aumento, ainda que pequeno, demonstra uma certa necessidade de desenvolver melhor o tema.

Observem no mapeamento abaixo a forma objetiva e definitiva na primeira edição e a forma mais maleável e aberta na segunda:

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Realidade dos sonhos

Os sonhos possuem uma posição de destaque nos ensinamentos espíritas uma vez que eles podem refletir nossas experiências espirituais fora do corpo físico. Por outro lado, também podem refletir o produto de nossa imaginação.

Neste ponto, a visão do mestre Allan Kardec alterou-se significativamente ao ampliar as hipóteses envolvendo os sonhos. Por exemplo, Kardec, tendo maior controle sobre a doutrina, passa a ser mais criterioso em relação a capacidade de visão espiritual dos extáticos. Em um extenso diálogo na primeira edição com seis pares de perguntas e respostas (mais os comentários adicionais) uma das respostas se destaca por estar ligeiramente modificada. Vejam:

Margem a interpretação

O mestre Allan Kardec tinha plena consciência da importância em oferecer um conjunto de ensinamentos claros e objetivos. Sabia que os diálogos com os espíritos não poderiam dar margem a diferentes interpretações. Neste sentido ele retocou algumas das respostas dos espíritos ainda que o estudo completo da obra direcionasse para uma única interpretação.

Ou seja, ele não tinha absoluta necessidade de fazer algumas das modificações que fez, mas entendeu ser importante para evitar que os diálogos lidos individualmente pudessem dar margem a uma interpretação equivocada. A seguir colocaremos um exemplo de como isto se deu.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O espírito deixa de ser sinônimo de Espírito

Ao compararmos a Introdução da primeira edição com a da segunda edição d'O Livro dos Espíritos notamos um comportamento repetido a exaustão: nas palavras “espírito” colocadas no meio da frase, foi substituído o “e” minúsculo pelo “E” maiúsculo 105 vezes. Este comportamento sistemático nos demonstram 2 coisas:


a) Kardec foi extremamente cuidadoso em seu trabalho de revisão e reformulação dos textos d'O Livro dos Espíritos. Desta forma, toda diferença entre as duas edições deve ser valorizada e investigada, em busca das possíveis motivações de Kardec.

domingo, 16 de novembro de 2008

Comentários ou respostas?

O Livro dos Espíritos é composto de uma série de diálogos e de comentários colocados ao final de algum destes. A primeira vista, pode-se dizer que as perguntas foram formuladas por Kardec, as respostas foram dadas pelos espíritos e os comentários elaborados por Kardec. Mas será que existe aí uma delimitação bem definida? Ou existe um grau de liberdade na responsabilidade de cada um?

Do tópico anterior sobre a fusão das respostas pudemos perceber que Kardec teve uma participação ativa na seleção e redação das respostas atribuídas aos espíritos. Mas, e quantos aos comentários? Teriam os espíritos participação neles? De acordo com o próprio Kardec, sim.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Fusão de respostas

O mestre Kardec deu uma pista muito importante sobre a forma lapidar com que construía sua obra. A partir de suas anotações pessoais reproduzidas em Obras Póstumas podemos extrair um resumo deste processo de construção:

"Não me contentei, entretanto, com essa verificação; os Espíritos assim mo haviam recomendado. Tendo-me as circunstâncias posto em relação com outros médiuns, sempre que se apresentava ocasião eu a aproveitava para propor algumas das questões que me pareciam mais espinhosas. Foi assim que mais de dez médiuns prestaram concurso a esse trabalho. Da comparação e da fusão de todas as respostas, coordenadas, classificadas e muitas vezes retocadas no silêncio da meditação, foi que elaborei a primeira edição de O Livro dos Espíritos, entregue à publicidade em 18 de abril de 1857."

domingo, 9 de novembro de 2008

Prolegômenos

Assim como na Introdução Kardec modificou relativamente pouca coisa no pequeno texto intitulado Prolegômenos. E da mesma forma, algumas observações podem ser extraídas destas modificações.

Doutrina ou filosofia?
Assim como na Introdução Kardec já havia se referido a uma filosofia espiritualista e no quinto parágrafo deste Prolegômenos também há uma alteração neste sentido. Mudando de doutrina para filosofia parece que Kardec quer dar um tom mais abrangente a sua obra.

sábado, 8 de novembro de 2008

Começando pela Introdução

A Introdução do Livro dos Espíritos foi relativamente pouco modificada da primeira para a sua segunda edição. Entretanto, das poucas modificações pode-se extrair observações interessantes.

Postura defensiva
A apresentação de uma nova doutrina à sociedade exigiu de Kardec uma postura mais defensiva ao tratar dos novos conceitos e das explicações envolvendo os fenômenos mediúnicos.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Notas Explicativas 3

Quantos diálogos possui a segunda edição?

Uma pequena questão, que se torna importante para nós nos entendermos ao comparar as duas edições, é definir quantos diálogos possui a segunda edição d'O Livro dos Espíritos. São 1018 ou 1019 diálogos? Está confusão se deve as divergências entre as diferentes decisões tomadas pelos diferentes tradutores e editores para solucionar uma falha presente na segunda edição do original francês. Na segunda edição francesa temos a ausência do número 1011. Após a pergunta enumerada 1010, segue-se uma com travessão e a próxima com o número 1012. A tradução de Guillon Ribeiro, ao chegar no diálogo 1010, interrompe a enumeração das perguntas sem número, que vinha fazendo até então com letras, e optou por manter rigorosamente a mesma falha, deixando a questão entre a 1010 e a 1012, e as demais questões não numeradas por Kardec, apenas com o travessão originall. A tradução de Evandro Bezerra optou por enumerar a pergunta entre a 1010 e a 1012 com o número 1011. A tradução de Herculano Pires apresenta diferentes padrões, dependendo do ano de impressão, sugerindo interferência do editor. Publicação impressa em 2002 enumera a questão sem número como 1010-a, tirando uma unidade numérica de todas as seguintes, finalizando com 1018 diálogos. A publicação impressa em 1989 faz uma confusão maior : enumera a questão sem número com 1010-a, como em 2002, porém, a questão enumerada com 1011-a em 2002, é substituído por 1012, e desta forma, finaliza o livro com 1019 diálogos (veja tabela abaixo).

Notas Explicativas 2

1) Os Livros dos Espíritos consultados.


Para realizar esta comparação, deparamos com uma limitação pessoal: não dominamos o francês. Por este motivo, utilizamos várias traduções brasileiras e o original em francês para conferirmos algumas contradições das traduções e / ou dúvidas. Este trabalho, nos permitiu também analisar um pouco do trabalho diferenciado dos tradutores brasileiros no trato com a obra original. Foram consultados:


a) O Primeiro Livro dos Espíritos de Allan Kardec, tradução de Canuto Abreu, Companhia Editora Ismael, 1957.

sábado, 1 de novembro de 2008

Minuciosa revisão

Uma das melhores qualidades do escritor Kardec foi a grande capacidade de revisão de sua obra. Esta pode ser depreendida do alto grau de coerência nos seus textos e nas idéias. Muito dificilmente se encontram pontos "fora da curva". Isto é, pontos que se distanciem muito do restante da obra.

Quando comparamos mais atentamente diferentes edições podemos observar o elevado grau de detalhe que o mestre Kardec impunha na sua revisão. E este refinamento tinha objetivos muito além da estética. Servia principalmente para ajustar idéias originalmente imprecisas ou que distanciassem muito da síntese de seu pensamento atual.

Notas Explicativas 1

Perguntas ou Diálogos?

Uma explicação que acostumei ouvir era que a primeira edição possuía 501 “perguntas”, e Kardec ampliou a segunda edição para 1019 “perguntas”. A discussão sobre a simplicidade da explicação de que Kardec apenas “ampliou” O Livro dos Espíritos na segunda edição faz parte de todo o corpo deste trabalho. Neste momento quero apenas propor um conceito diferente para as 501 “perguntas” e para as 1019 “perguntas”. Ao invés de defini-las como “perguntas” prefiro defini-las como “diálogos”, onde cada diálogo pode ser formado por apenas um conjunto de pergunta-responta ou vários conjuntos perguntas-respostas.

Como Tudo Começou Comigo (Leopoldo Daré)

Tentarei contar como a vida, meus interesses e escolhas me trouxeram até este blog e a este projeto de comparação das duas primeiras edições d'O Livro dos Espíritos.

Preciso começar minha história há aproximadamente dez anos atrás, com fatos que apesar de importantes para mim, não foram devidamente registrados, e suas imagens imprecisas parecem envoltas em uma névoa permanente. Começarei pelo Congresso Médico-Espírita Brasileiro de 1999, ou 1997. No programa do congresso daquele ano havia um workshop diferente, que se propunha a falar de métodos de pesquisa, e defendia a tese de que a metodologia de pesquisa social é o método naturalmente herdeiro dos trabalhos de Kardec, e o caminho que os cientistas espíritas deveriam tomar. Infelizmente não me lembro do nome da professora, do sul do país, responsável pelo workshop.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Dispersão dos mapeamentos

Por meio de um estudo paciente e meticuloso em ambas as edições é possível identificar as perguntas, respostas e comentários das questões de uma edição na outra. A esta identificação chamamos de mapeamento entre as questões.

Como era de se esperar praticamente todas as questões da primeira edição foram aproveitadas na segunda edição. Entretanto algumas delas foram redistribuídas na nova edição para assegurar uma "ordem muito mais metódica das matérias".

É interessante avaliar exatamente onde esta redistribuição das questões se deu. Após realização de todos os mapeamentos construímos um gráfico da dispersão dos mapeamentos que indica esta redistribuição.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Mais do básico

Cada parte do Livro dos Espíritos é dividida em capítulos. E no caso da segunda edição cada capítulo possui algumas subdivisões.

Assim, na primeira edição temos:
  • Doutrina Espírita - 10 capítulos
  • Leis Morais - 11 capítulos
  • Esperanças e Consolações - 3 capítulos

E na segunda edição:
  • Causas Primárias - 4 capítulos compostos de 17 subdivisões
  • Mundo Espírita - 11 capítulos compostos de 67 subdivisões
  • Leis Morais - 12 capítulos compostos de 62 subdivisões
  • Esperanças e Consolações - 2 capítulos compostos de 15 subdivisões
A distribuição destes capítulos pode ser melhor visualizada no gráfico abaixo.

O básico do básico

Das edições do Livro dos Espíritos publicadas por Allan Kardec a primeira se diferencia substancialmente das demais. Foi assim que o próprio Kardec descreveu em um aviso sobre a nova edição:

Na primeira edição deste trabalho, anunciamos uma parte suplementar. Ela devia compor-se de todas as questões que não couberam nele, ou que circunstâncias ulteriores e novos estudos fizessem nascer. Como porém são todas relativas a uma qualquer das partes tratadas, das quais são desdobramento, sua publicação isolada não apresentaria nenhuma sequência. Preferimos esperar a reimpressão do Livro para fundir tudo juntamente, e aproveitamos o ensejo para introduzir na distribuição das matérias outra ordem muito mais metódica, ao mesmo tempo que decepamos tudo quanto importava em lição dúplice. Esta reimpressão pode pois ser considerada como trabalho novo, embora os princípios não hajam sofrido nenhuma alteração, salvo pequeníssimo número de exceções, que são antes complentos e esclarecimentos que verdadeiras modificações.

sábado, 25 de outubro de 2008

Uma nova proposta

Existem diferentes formas para chamar a atenção sobre pontos em que você acredita. Algumas mais e outras menos eficientes. A melhor delas seria aquela que fizesse a pessoa refletir sobre o ponto transmitido e, assim, chegar às suas próprias conclusões.

É nesse sentido que acredito que a exposição de novos dados observados diretamente na obra de Kardec poderá servir como elemento de reflexão e compreensão do processo de construção e evolução do seu pensamento.

A partir da exposição destes novos dados será possível avaliar de forma crítica e livre aspectos doutrinários até então relegados ao baú da escuridão e da discórdia entre os diferentes segmentos espíritas.

Aos amigos

Muitos são os amigos a quem eu devo o incentivo a este trabalho. Especialmente, companheiros que conheci através da lista de debates espíritas da Confederação Espírita Pan-americana (CEPA) foram determinantes para começar meus estudos. Pessoas desejosas de um novo olhar sobre o Espiritismo deram o apoio e o estímulo necessários para desenvolver uma atitude espírita mais livre pensadora e progressista.

É gostoso lembrar também dos bons diálogos feitos em outra lista de debates, do já tradicional Instituto de Intercâmbio do Pensamento Espírita de Pernambuco (IPEPE). Nela conheci pessoas muito lúcidas que demonstravam que um novo caminho deveria ser percorrido. Uma delas é o incansável e dedicado Luiz Vaz que sempre acompanhou minhas mensagens.

O companheiro

Leo é daqueles companheiros que você pode confiar de olhos fechados. É o amigo que toda pessoa gostaria de ter. Suas ponderações são sempre muito bem vindas e são capazes de unificar as mais díspares visões de mundo.

Pela virtualidade da Internet conheci o Leo, mas felizmente já tive a oportunidade de encontrá-lo pessoalmente. Aliás, moramos em cidades próximas no interior de São Paulo e isto facilitou a nossa aproximação.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Quando tudo começou...

Há uns dez anos atrás comecei a me envolver pelo Espiritismo por causa da convivência com a família de minha esposa. A alegria e o sentimento fraterno que irradiava daquela família era algo que me tocava a alma. E foi na leitura dos livros espíritas espalhados pela casa que fui compreendendo o motivo de tanta fraternidade.

O meu gosto pela leitura colaborou bastante para que eu logo compreendesse a base da doutrina deixada pelo mestre Allan Kardec. De forma introvertida eu ficava processando as idéias contidas naquelas obras. E me sentia maravilhado pela forma simples, coerente e clara na exposição das mais importantes questões da vida.